Produzido pela entusiasta e guru da Web3, Briar Prestidge, “48 Horas no Metaverso” é um documentário que conduz os espectadores por uma jornada em 33 metaversos diferentes para provocar uma divertida reflexão sobre as formas como estes ambientes digitais emergentes vão transformar a forma como os seres humanos socializam, trabalham e se divertem.
O documentário pretende oferecer um mergulho imersivo no metaverso e foi inteiramente realizado através de dispositivos de realidade virtual. Além da exploração de plataformas como Roblox, Fortnite e Decentraland (MANA), entre outras, Prestidge entrevistou 21 especialistas sobre o assunto, incluindo desenvolvedores, criadores de conteúdo e até um especialista em psicologia comportamentalista, que analisou as implicações éticas e morais dos novos ambientes digitais.
Embora ainda seja um conceito antigo, elaborado pela primeira vez em 1992 no romance de ficção científica “Snow Crash”, escrito por Neal Stephenson, o metaverso ganhou maior evidência desde que o Facebook mudou a sua marca para Meta em outubro do ano passado com o intuito de liderar o desenvolvimento do que o seu CEO, Mark Zuckerberg, entende como a próxima etapa de evolução da internet.
Até agora, a energia e os recursos direcionados pela Meta para cumprir a missão proposta por Zuckerberg têm dado poucos resultados práticos e muitos prejuízos. As próprias plataformas de Web3 focadas em experiências digitais imersivas também não conseguiram conquistar e reter usuários. E assim, após o forte hype inicial, o metaverso chega ao final de 2022 longe dos holofotes e do interesse do grande público.
Segundo, Prestidge, é natural que seja assim. Quando o grande público teve acesso à internet pela primeira vez na década de 1990, a maioria das pessoas não se interessou por ela. Àquela altura, ninguém poderia imaginar a revolução que ela engendraria sobre a comunicação humana e as inúmeras formas como ela veio a transformar o dia a dia de todas as pessoas do planeta.
Segundo a influencer declarou em uma reportagem da Forbes, o mesmo está se passando agora com o metaverso:
“O Metaverso está atualmente em seus estágios iniciais, evoluindo rapidamente de ambientes de jogos como o Fortnite e o Roblox para ter profundas implicações nos negócios. Ninguém sabe exatamente no que o metaverso vai implicar ou o que ele vai se tornar, mas os criadores e monetizadores de VR estão começando a formar algumas ideias.”
Antes de se aventurar na produção de “48 Horas no Metaverso”, Prestidge lançou uma coleção de tokens não fungíveis (NFTs) para mulheres baseada no Decentraland intitulada NFT Powersuits.
Os itens da coleção exploram um campo praticamente inexplorado no atual modelo da internet: a incorporação de identidades comportamentais e visuais totalmente do que as pessoas são em seu dia a dia na vida real.
Após a sua jornada para a produção do documentário, Prestidge ficou ainda mais convencida de que os ativos digitais baseados em tecnologias descentralizadas terão um papel fundamental no futuro do metaverso:
“O crescimento de NFTs, criptomoedas e o desenvolvimento da interoperabilidade, como os avatares do ReadyPlayerMe em vários metaversos, abriram uma série de oportunidades de negócios em termos de produtos, serviços e processos, bem como experiências de clientes e funcionários.”
As novas gerações têm uma predisposição grande para experiências integralmente virtuais, ela concluiu após visitar a Nikeland, espaço virtual da gigante de produtos esportivos no Roblox:
“Para a Geração Z e Alfa, o que está acontecendo no metaverso é tão vital para eles quanto a vida real. Eles provavelmente vão ignorar o que conhecemos como redes sociais e vão direto para o metaverso.”
Comunidades e empatia
A formação de comunidades verdadeiramente globais em torno de interesses comuns compartilhados poderá se tornar uma poderosa arma de transformação sócio-cultural ao aproximar pessoas que vivenciam realidades distantes, mas enfrentam problemas comuns. Como por exemplo aqueles causados pelas mudanças climáticas ou diferentes formas de discriminação, seja de gênero, raça ou classe.
“Há um grande equívoco de que o metaverso é tecnologia, mas, ao meu ver, tem mais a ver sobre como interagimos com ela. O metaverso é sobre comunidades e ter uma experiência imersiva e compartilhada” com pessoas distantes ou que de outra forma jamais teríamos a oportunidade de conhecer”, diz a influencer.
Nesse sentido, Prestidge acredita que o metaverso e a realidade virtual despertam a empatia entre as pessoas. Por outro lado, reconhece, também podem contribuir para o isolamento social e a alienação, algo que já acontece hoje em dia, mesmo que as experiências virtuais ainda sejam um tanto limitados, disse a influencer a partir das experiências compartilhadas no documentário:
“A capacidade de interagir em VR com outras pessoas ao redor do mundo aumentará nossa empatia com outras pessoas ou, como vimos nas mídias sociais, aumentará o isolamento e diminuirá nossa capacidade de interagir com civilidade, mesmo que discordemos sobre questões centrais. Esses são alguns dos pontos que eu acredito que precisam ser abordados. E só podemos abordar essas questões se entendermos fundamentalmente o que é o Metaverso e possuirmos um conhecimento básico de como ele funciona.”
Esta foi a motivação fundamental da influencer para produzir o filme, que teve um orçamento total de US$ 50.000. Um valor relativamente baixo para uma obra audiovisual, o que também dá uma dimensão do potencial de exploração da criatividade que as novas ferramentas de realidade virtual oferecem aos criadores de conteúdo.
Explorando o metaverso
Ao longo dos 75 minutos de “48 Horas no Metaverso, Prestidge visita a recriação dos tumultos que ocorreram no Stonewall Inn de Nova York em 1969 recriado pela Microsoft, passeia pelo gêmeo digital do Al Wasl Dome, sede da Dubai Expo 2020, e explora o Parque Nacional Uluru Kata durante o Dia da Justiça Social das Nações Unidas.
“Todas essas experiências contribuem não apenas para nossa compreensão da história humana e de experiências culturais únicas, mas também aumentam nosso envolvimento e interesse de um pelos outros e nos faz entender que, no final do dia, somos todos parte de uma grande e única comunidade”, disse a influencer.
“48 Horas no Metaverso” foi lançado mundialmente na quarta-feira, 21, e está disponível no YouTube.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, os NFTs, um setor adjacente ao metaverso na indústria de criptomoedas, fechou o ano em baixa, mas a exploração de novos casos de uso relacionados à formação de comunidades remotas digitais estão entre os vetores que podem impulsionar novas ondas de adoção da tecnologia em 2023.
Via cointelegraph