A Netflix anunciou recentemente que irá notificar e cobrar os usuários que compartilharem a senha com amigos e parentes que moram em outras casas. A medida, que revoltou usuários e chamou a atenção do Procon, levantou debates entre especialistas. No entanto, uma startup diz ter a solução para o problema.
A dificuldade em conciliar o compartilhamento de senhas em plataformas de streaming foi um dos desafios por trás do desenvolvimento da tecnologia batizada de “Tokenized Access Control”, ou “Controle de Acesso Tokenizado” em português.
Como funciona
“É um sistema descentralizado e distribuído que pode ser utilizado por plataformas digitais e tradicionais. Hoje, a Netflix usa credenciais tradicionais para o usuário, ou seja, e-mail e senha. E ela poderia continuar tendo essa facilidade de login via e-mail e senha. Porém, atrás desse processo, aconteceria uma ‘tokenização’ da credencial”, disse Antonio Hoffert, um dos sócios da H3aven, startup por trás da solução.
Cada usuário, portanto, teria um NFT pelo qual o acesso ao serviço seria gerenciado, mas sem precisar fazer mudanças em sua forma de login e senha. Dessa forma, a ferramenta seria útil para empresas que buscam evitar o compartilhamento de senhas, ao passo que garantiria a privacidade dos dados de cada usuário.
“Com a interface, é possível evitar o gasto com a duplicidade de credenciais e garantir o histórico absoluto daquela assinatura, já que novos dados de pagamento ou upgrades no serviço contratado modificariam o token desse usuário”, disse a H3aven em um comunicado.
Ainda em desenvolvimento, a solução estará disponível em setembro de 2023 e pode gerar novas possibilidades de negócio para empresas como Netflix e Spotify, segundo a H3aven, trazendo mais privacidade e segurança para os dados criptografados dos assinantes ou a viabilidade de antecipação de receitas das assinaturas por meio de contratos inteligentes.
“A ideia é que as pessoas fiquem mais cautelosas. Você não poderá mais partilhar informações de acesso, já que qualquer pessoa pode utilizar seu NFT, e, assinando com a chave privada, realizar uma transação em seu nome, por exemplo”, explicou João Henrique Costa, sócio da startup.
Além das novas possibilidades de negócio para empresas, os assinantes podem se beneficiar de uma possível redução no valor cobrado pelas assinaturas.
“Hoje, se um negócio precisa de fluxo de caixa, tem que recorrer a bancos e a formas tradicionais de investimentos. Com essa tecnologia aplicada aos contratos inteligentes, essa mesma empresa pode antecipar de 2% até 28% de suas próprias receitas futuras das assinaturas. Como assinaturas são bens elásticos, é possível, então, abaixar o preço para atrair mais membros e obter mais receita durante um determinado período de tempo”, disse Antonio Hoffert.
Mesmo com as polêmicas pelo valor cobrado pela assinatura e as medidas contra o compartilhamento de senhas, a Netflix ainda é um dos principais serviços de streaming utilizados por usuários.
Um relatório do What´s New In Publishing indica que o mercado de assinaturas digitais deve mais do que dobrar até 2025. Atualmente avaliado em US$ 650 bilhões, os serviços a partir de assinaturas digitais podem atingir a marca de US$ 1,5 trilhão nos próximos três anos.
Via exame.com