Durante o Rio Innovation Week, dentro do espaço organizado pela MetaMundi que abordou novidades trazidas pelo metaverso, ocorreu o painel “O samba pede passagem na Web3: Abraçando as novas fronteiras da economia digital em sua jornada ao metaverso”. Os participantes do painel abordaram como o estilo música que é a cara do Brasil no mundo está se relacionando com a Web3 e o metaverso.
“Tem ziriguidum no metaverso”
A presença do samba na Web3 e no metaverso é muito importante não só para o Brasil, mas para o mundo, diz Byron Mendes, fundador da MetaMundi. “O samba é a maior ferramenta de influência do Brasil no restante do mundo. Aliado ao poder de inclusão que o metaverso tem, essa união leva o samba ainda mais longe.”
Para Mendes, a presença do samba na Web3 é uma oportunidade de unir o mundo físico e o digital, através de campanhas que unam os dois mundos. É o que especialistas chamam de “phydigital”. Através do metaverso, é possível não só vivenciar as experiências que o samba oferece atualmente, como visitar toda a história desse importante estilo musical.
“É uma forma de reforçar as raízes do samba, de criar uma integração maior entre físico e digital, presente e passado, por meio da tecnologia. Quem nunca pôde visitar uma escola de samba e acompanhar um ensaio, por exemplo, pode ter acesso a essa experiência através do metaverso.”
Além disso, Byron elogia o metaverso no geral, e cita como exemplo a transmissão do Rio Innovation Week através do metaverso da Latam Intersect. Por meio do metaverso, era possível acompanhar as principais palestras do evento.
Voltando ao samba, a presença de um estilo de música tão popular no movimento de descentralização da internet é apontada por Byron Mendes como a maior prova de como esse movimento abraça todas as tribos. “É um movimento de tudo e de todos, é a entrada do tradicional dentro de um ecossistema tratado como o futuro. Tem ziriguidum no metaverso, sim!”
As primeiras iniciativas
O Upland é um metaverso que replica localizações geográficas reais dentro de um mundo digital em proporção exata. É nesse metaverso que a Estação Primeira de Mangueira, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, resolveu criar o seu lar digital.
Ney Neto, Country Manager do Upland no Brasil, explica que a escola está situada no Upland no exato mesmo lugar que ela ocupa no mundo real. “É exatamente na Rua Visconde de Niterói, 1072, no Rio de Janeiro. O Upland mapeia o mundo real na blockchain, e o palácio do samba está representado no metaverso exatamente no mesmo endereço do mundo real.”
A iniciativa entre Mangueira e Upland é a primeira que leva o samba para o metaverso. A intenção é não só criar uma versão digital da quadra da escola de samba, mas permitir que pessoas do mundo todo acompanhem os eventos ocorrendo em tempo real. Ney Neto afirma que, embora ainda não esteja aberta, a quadra estará disponível em breve.
“Os eventos que irão acontecer no metaverso são os mesmos que ocorrem no mundo real, com transmissão direta da quadra da Mangueira para o Upland. São ensaios das sessões de samba, mestre-sala e porta-bandeira, ala das baianas, além dos shows que acontecem durante a tradicional feijoada da Mangueira, que ocorre todo segundo sábado de cada mês.”
Além da possibilidade de comparecer digitalmente aos eventos, Neto acrescenta que a intenção é criar NFTs que permitam a participação de seus detentores em eventos na versão física da quadra da Mangueira.
Os NFTs de utilidade, porém, não são os únicos desenvolvidos na Upland com a temática do samba. O Country Manager do Upland afirma que avatares de fantasias de carnaval serão disponibilizados, replicando modelos históricos utilizados pela Mangueira, bem como representando a temática do samba enredo da escola para 2023, “As Áfricas que a Bahia canta”. As fantasias poderão ser exportadas para outros metaversos, explica Ney Neto.
Sobre a decisão de unir samba e metaverso, o representante do Upland no Brasil explica que é uma forma de fazer a escola de samba interagir com seus fãs, da mesma forma como um fan token cria uma interação maior entre torcedores e seus times.
“Como disse Dorival Caymmi: ‘quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça, ou doente do pé.’ A Estação Primeira de Mangueira é uma verdadeira entidade do samba, com um legado imenso para a cultura brasileira. Enxergamos essa chegada da escola ao metaverso do Upland como uma extensão deste legado, agora no mundo digital.”
Mantendo o samba vivo
Uma peça fundamental no ecossistema de Web3 são as organizações autônomas descentralizadas, ou DAO, na sigla em inglês. A CryptoSamba é uma DAO idealizada por Rodrigo Cunha, cujo objetivo é impulsionar não só o samba, mas também artistas relacionados ao movimento.
“Eu sempre gostei de samba, mas não tinha condição de ir nos ensaios e participar ativamente. Cresci e virei gerente de projetos na área de e-commerce, mas continuei com essa vontade de participar do samba, e foi quando eu decidi criar a CryptoSamba”, conta Cunha.
A CryptoSamba emitirá 10 mil NFTs, que serão usados como tokens de governança para participar dos processos de votação da DAO. Cada token não-fungível vendido tem sua receita dividida em três partes: 95% vai para o artista, 2,5% vão para um fundo de financiamento de novos artistas e os outros 2,5% vão para impulsionar os talentos do samba.
O fundador da CryptoSamba vê a relação do samba com a Web3 como um passo lógico. A interatividade que as soluções dessa nova era da internet possibilita aos usuários é algo que se relaciona completamente com esse estilo musical, na visão de Cunha. Além disso, por ser o próximo passo da internet, faz sentido que o samba acompanhe esse desenvolvimento, já que ele sempre esteve presente do povo, acrescenta Rodrigo.
“Desde sempre, o samba sempre foi marginalizado. Quando esse estilo surgiu, quem se envolvia com ele era preso. Quem se envolvia com samba era preso. Agora, através da Web3, o samba pode se financiar. O samba pode influenciar ativamente no seu crescimento”, conclui o fundador da CryptoSamba.
Via cointelegraph