A falta de confiança no mercado ambiental levou a GreenPlat a criar uma solução que gerasse mais segurança nos processos de gestão de resíduos de entes públicos privados, com o uso de tecnologia blockchain. Por meio de um software, batizado de Plataforma Verde, a startup permite aos clientes fazer o controle e o rastreio de resíduos em toda a cadeia produtiva, da produção ao descarte, de forma sustentável. Com isso, ajuda a melhorar os tão estimados índices ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança).
“Nós não começamos a usar blockchain porque ele ficou super sexy. Começamos a usar porque o mercado de meio ambiente é um mercado de muita falta de confiança”, introduz Anauyla Batista, diretora comercial e cofundadora da GreenPlat. “O blockchain vem para gerar confiança nesse processo porque conecta os elos dentro do sistema. Você não consegue deletar ou alterar um dado dentro da plataforma sem que isso fique registrado”, explica.
Em um mundo cada vez mais atento e intolerante às más práticas ambientais, esse tipo de solução é cada vez mais procurada pelas companhias privadas e governos. Segundo Batista, o investimento na plataforma gera benefícios ligados a compliance ambiental, ganhos financeiros (com aumento de receita ou redução de custos) e de eficiência.
“Através de uma gestão com excelência, as empresas ou os governos acabam tendo melhoras nos indicadores ESG, melhorando por exemplo a taxa de reciclagem, garantindo a correta destinação, controlando o consumo de energia, água”, detalha a executiva.
Atualmente, a GreenPlat tem mais de 1.500 clientes e 40 mil empresas cadastradas na plataforma. Entre os clientes, empresas privadas como McDonald’s e entes públicos como a Prefeitura de São Paulo. “A gestão de resíduos pode chegar a um terço do orçamento de uma grande cidade. São bilhões de reais. Então é algo muito relevante”, destaca Batista
Recentemente, a empresa lançou um novo projeto, chamado Semilla, que coleta vidros de perfumes pós-consumo e os destina para a reciclagem. A ação é desenvolvida em parceria com dois grandes grupos empresariais do setor de varejo no Brasil. Desde o lançamento, o projeto já atingiu a marca de 1,2 tonelada de vidro reciclados. O material é enviado para centros de distribuição, que encaminham o volume para cooperativas de reciclagem e artesãos.
Para 2023, a empresa está focada em ganhar escala. No processo de internacionalização, Batista conta que a multinacional Avery Dennison, cliente da GreenPlat no Brasil, quer levar a plataforma para o México. “Já estamos começando a tradução de todo o software para o espanhol e os testes devem iniciar em fevereiro ou março na unidade deles no México”, anuncia a diretora comercial.
Batista também revela que a empresa deverá se concentrar na abertura de uma rodada série B, possivelmente até o fim deste primeiro semestre. “Isso é chave para nós neste ano”, diz Batista, sem detalhar valores.
Além disso, a executiva está otimista para um novo momento no mercado de meio ambiente. “O Brasil precisa muito disso (tecnologia ambiental). E, independente de qualquer questão política, tivemos bons discursos no comecinho desse ano de 2023 no Ministério do Meio Ambiente, que agora também se chama Mudanças Climáticas”, comemora Batista. “Acho que tem muita insegurança com relação à economia este ano, sem dúvida, mas nós estamos em um momento da humanidade que o meio ambiente não perdoa. Então acredito que vamos continuar vendo tendências aí na área ambiental”, acredita.